O Centro Cívico de Curitiba não é apenas um dos 75 bairros da cidade. Trata-se de um marco não só para a capital paranaense como também para todo o país. Foi a primeira iniciativa em solo nacional visando centralizar os poderes executivo, legislativo e judiciário em um só local.
A sua implantação serviu de inspiração para a construção de Brasília. Enquanto o Centro Cívico de Curitiba inspirou a capital do país, a referência para o desenvolvimento do local foi Washington DC, nos Estados Unidos.
No Centro Cívico de Curitiba, encontram-se o Palácio Iguaçu, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná – além da prefeitura de Curitiba. No centro de todos eles, está a Praça Nossa Senhora Salete. Nas proximidades, é possível ainda visualizar o edifício do Tribunal de Júri, a sede do Tribunal de Contas estadual e o Museu Oscar Niemeyer, ao lado do Ministério Público.
Na época de seu projeto, uma das reclamações era de que o Centro Cívico estava distante do Centro. Atualmente, a localização é um dos diferenciais do bairro, conforme demonstramos neste artigo, bem ao lado do Juvevê, onde muitos escolhem para viver na capital paranaense.
Na época, o urbanista francês Alfred-Donat Agache foi contratado para desenvolver o primeiro planejamento visando nortear o crescimento de Curitiba. A cidade ainda não era referência em urbanismo, como ocorreu anos depois com a gestão de Jaime Lerner.
O Plano Diretor atacava alguns problemas comuns em cidades, como saneamento e congestionamentos, como conta a Câmara de Curitiba em artigo no seu site. Entre as experiências prévias de Agache, é possível citar projetos em Dunquerque (França), Casablanca (Marrocos) e Rio de Janeiro e Porto Alegre.
As obras para sua construção foram iniciadas em 1951 e sua inauguração se deu em partes, sendo a primeira em 19 dezembro de 1953, na comemoração do centenário da emancipação do Paraná. Na mesma data, deu-se início à construção da Biblioteca Pública do Paraná e ao Teatro Guaíra, outras duas obras que são referências da capital paranaense.
Conheça mais informações sobre alguns dos edifícios públicos do Centro Cívico de Curitiba, todos construídos em inspiração modernista:
A sede do governo do Paraná conta com 15.191 m2 e abriga a maior parte da governadoria do estado, reunindo os maiores níveis hierárquicos da administração estadual. Seu projeto foi de responsabilidade do engenheiro e arquiteto David Xavier de Azambuja.
Seu nome se deve ao Rio Iguaçu, palavra que em tupi-guarani significa “água grande”. O Rio Iguaçu corta o estado do Paraná de leste a oeste, sendo que a sua foz desemboca nas Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do planeta.
Sua fachada é funcionalista, com vidros e um balcão externo. Conta com hall de entrada e diversos salões — nobre, de inverno, de jantar e do governador, onde são realizadas reuniões administrativas.
É possível fazer um tour virtual no Palácio Iguaçu no site da Casa Civil do Paraná.
O conjunto da Assembleia Legislativa (Alep) foi criação do arquiteto Olavo Redig de Campos. Inicialmente, contava com dois edifícios, conforme a proposta do bairro.
O primeiro prédio abriga as funções administrativas da Alep, como presidência e secretarias, além de espaços para as reuniões das comissões. No segundo edifício, que fica suspenso do chão e deve ser acessado por uma rampa, está o plenário, onde são realizadas as sessões dos deputados estaduais.
Mais tarde, na década de 1980, foi construído um terceiro edifício, que abriga os gabinetes dos deputados estaduais do Paraná.
Tribunal de Justiça do Paraná
Com 12 andares, trata-se do segundo conjunto arquitetônico localizado à esquerda de quem sai do Palácio Iguaçu.
Tem uma área total de 16,1 mil m2, seguindo o modelo modernista adotado nas demais obras do Centro Cívico de Curitiba. A ideia original era contemplar 30 andares, mas sua obra foi reduzida para os atuais doze pavimentos.
O Palácio 29 de Março, sede da prefeitura da capital paranaense, foi inaugurado em 1969, com a intenção de centralizar a atividade administrativa municipal. Com projeto de Rubens Meister, o edifício conta com 11,6 mil m2 de área construída e três painéis de fachada frontal, com imagens representativas da cidade, instalados em 1996.
Sua localização casou com o projeto do Centro Cívico de Curitiba, visto que agregou a administração municipal da principal cidade do estado ao lado das sedes dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
Apesar da diferença de inauguração, seu projeto arquitetônico segue muitas das ideias apresentadas nos demais edifícios, mantendo a estrutura pensada inicialmente.
(Imagens: Prefeitura de Curitiba e Tribunal de Justiça)