Case de governança: como um bingo originou uma das maiores corporações familiares do país

União da família Gulin desde sempre foi seu grande diferencial

José Gulin, brasileiro descendente de italianos, e Maria Luiza Baron Gulin, italiana nata, tiveram nove filhos, já em solo brasileiro: Domingos, Valentin (faleceu quando criança), Angelo, Sunta, outro Valentin, João, Alfredo e gêmeo (morreu ao nascer) e David. 

O patriarca sempre foi empreendedor: tudo que ganhava aplicava em terras. Os negócios da família foram crescendo aos poucos, primeiro com a venda de lenha, verduras e vinho, avançando para um armazém de secos e molhados, até chegar aos segmentos que estão em atividade até hoje. Nem todos os filhos trabalharam juntos nas mesmas coisas, em todos os momentos, mas, de forma geral, a família sempre empreendeu de forma síncrona. 

Já idoso, José Gulin reuniu os filhos – menos Sunta, que era a única filha mulher e já estava casada – e os fez prometer que só passaria os bens para seus nomes se eles continuassem unidos nos negócios, visando ao sustento de suas famílias. Também estabeleceu que as participações societárias de cada um deveriam ser exatamente iguais, providência sábia que firmou entre os irmãos Gulin uma tradição de lealdade e confiança até hoje vigente.

Então no comando dos negócios, os irmãos decidiram fechar a fábrica de vinho e apostar na venda de veículos e no transporte coletivo. Tiveram muito sucesso nesse último, tanto em Curitiba como em outras cidades, como Colombo e Ponta Grossa, e a sociedade de irmãos prosseguiu assumindo outros empreendimentos, como projetos de reflorestamento, exploração agropecuária e construção civil.

Trabalhando sempre em conjunto, os irmãos decidiram achar uma forma para melhor conciliar os negócios e a família, afinal, ambos cresceram e era chegada à hora de tomar uma decisão, pois uma nova geração já estava presente e outra chegando. 

Foi então que a família chegou à conclusão que uma divisão em grupos seria a melhor solução. E como essa divisão seria feita? Por meio de um bingo! Nada mais justo, certo? Houve algumas divisões durante os anos, nesse mesmo sistema, sendo a última realizada em 2009, época que o Grupo Resistence, da família de Alfredo Gulin, passou por um grande trabalho de governança corporativa e atualização, tornando-se, enfim, o Grupo Noster, uma das maiores corporações familiares do país.

José Gulin com certeza estaria muito orgulhoso em ver que a união que tanto pregava entre seus filhos trouxe excelentes frutos, tanto profissionais quanto familiares!